A história da mulher entre flores e espinhos
Veja o vídeo explicativo deste texto em: https://www.youtube.com/watch?v=U9M8wWkfE7s
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O dia 08 de março, data em que é comemorado o Dia Internacional da Mulher,
sempre será uma oportunidade para se avaliar a realidade da mulher na
sociedade. Nessa avaliação, verifica-se
que a história da mulher é marcada por uma realidade de poucas flores e muitos
espinhos.
O paralelo entre flores e espinhos
não é uma citação avulsa, um trocadilho apenas. Ele diz muito do tratamento
histórico que sempre foi dispensado à mulher. Nessa perspectiva, o tratamento
com flores expressa a mulher como rainha
e princesa pelos homens românticos que a amam. Rainha e princesa, expressões
máximas de um título de nobreza, podem revestir a mulher de uma condição
de eterna namorada, mãe de família
cuidadosa, mulher prendada, cidadã obediente às regras que sempre lhe impuseram
no seu papel social. Mediante a obediência às regras, as flores vêm como o
coroamento de uma concepção aceita e, por ser aceita, deve ser premiada. Nada contra o ato romântico de
oferecer flores. Absolutamente. As mulheres amam flores. Desde que este ato não
venha revestido de uma atitude movida apenas por um ideal distorcido da realidade da
mulher no seu respectivo tempo.
O que a história demonstra, e os
dados comprovam, é que os espinhos começam na vida da mulher a partir do
momento em que ela reage a essa concepção idealizada, literalmente florida, e
passa a atuar num papel autônomo, de dona de suas próprias vontades na
sociedade. Quem conhece a passagem histórica recente, em 2011, em que um policial
no Canadá disse para que as mulheres não se comportassem como ‘vadias’ para não
serem estupradas? Esse fato nos diz que a exposição aos riscos que as mulheres
sofrem está condicionada à mudança de construção de uma imagem ‘florida’ que
elas retiram de si mesmas em substituição à imagem de ‘um outro tipo de
mulher’. Esse outro tipo de mulher é a que se manifesta como motivadora de sua
própria agenda social, buscando identificar as causas dos seus problemas e se
mobilizando para encontrar soluções, seja através dos mecanismos de ações do Estado,
seja através de ações menos ostensivas por uma identidade condizente com o seu
tempo e pela defesa de seu espaço. Ações como essas, que modificam a imagem de uma mulher ideal são capazes de
gerar o caminho de espinhos. Entre outras manifestações possíveis, este caminho
surge como contraponto às mulheres que fogem do padrão de ‘bela, recada e do
lar’. É como se, salvo algumas conquistas sociais, muitas vozes da sociedade,
em resistência, dissessem: já que você quer assim, que pague o alto preço pelas
suas escolhas fora da rota historicamente determinada pela sociedade machista.
As flores e os espinhos na vida da
mulher, quando existirem, devem fazer parte da vida, como fazem parte da vida
de qualquer homem pelas lutas comuns ou pelos erros e acertos do ato de ser
humano. Não devem estar associados às premiações ou punições dos homens ou da
sociedade em geral como notas escolares pelo cumprimento ou não das lições de
casa pela imposição de gênero, simplesmente pelo fato de a mulher ser mulher.
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